Líder de seita apocalíptica vai a tribunal acusado de levar 400 fiéis à morte
Paul Mackenzie, líder de uma seita apocalíptica no Quênia, e outras 29 pessoas associadas a ele compareceram ao tribunal nesta terça-feira (6/2), enfrentando acusações de assassinato relacionadas a 191 crianças cujos corpos foram descobertos entre mais de 400 enterrados em uma floresta do país africano. Todos os réus negaram veementemente as acusações perante o tribunal em Malindi. Um suspeito foi considerado mentalmente incapaz para ser julgado.
Os promotores afirmam que Mackenzie ordenou que seus seguidores privassem a si mesmos e seus filhos de comida até a morte, sob a crença de que poderiam “ir para o céu ver Jesus” antes do fim do mundo. Esse evento é considerado um dos piores desastres relacionados a cultos na história recente, relembrando os horrores da tragédia envolvendo o pastor Jim Jones, que resultou na morte de 909 fiéis (incluindo 304 crianças) em sua seita na floresta da Guiana, em novembro de 1978.
O advogado de defesa de Mackenzie afirmou que seu cliente está colaborando com as investigações sobre as mortes. Os 30 réus devem retornar ao tribunal em 7 de março para uma audiência de fiança, conforme determinado pelo juiz. Os seguidores da Igreja Good News International viviam em assentamentos isolados em uma área de 325 hectares dentro da floresta de Shakahola.
Anteriormente um motorista de táxi, Mackenzie proibiu os membros da seita de enviar seus filhos para a escola e de buscar tratamento médico quando doentes, classificando essas instituições como satânicas, conforme relatado por alguns seguidores. O líder da seita foi preso pela primeira vez em 2017 – e novamente em 2018 – após afirmar que a educação “não era reconhecida na Bíblia”.
O pregador apocalíptico propagava um programa intitulado “Mensagem dos Últimos Tempos”, que abordava “ensinamentos, sermões e profecias sobre o fim dos tempos, frequentemente referidos como escatologia”. Ele se dedicava a “levar o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo livre do engano e da sabedoria humana”.
Além disso, Mackenzie lançou um canal no YouTube em 2017, onde compartilhava vídeos de seus sermões na igreja em Malindi, alertando enfaticamente seus seguidores sobre práticas “demoníacas”, como o uso de perucas e transações digitais sem dinheiro vivo.
Em abril do ano passado, Mackenzie foi preso pela primeira vez sob acusação de “radicalização”, por promover a não escolarização das crianças, alegando que a educação não era reconhecida pela Bíblia. Em uma entrevista ao jornal “The Nation”, ele declarou: “Recebi a revelação de que era hora de parar. Agora só oro por mim mesmo e por aqueles que escolheram acreditar.”
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