Alta dos alimentos pressiona orçamento e muda hábitos de consumo dos brasileiros
A disparada nos preços dos alimentos tem sido um dos principais fatores a pesar no orçamento das famílias brasileiras. Como resposta, muitos consumidores estão mudando seus hábitos de compra e migrando para redes atacadistas na tentativa de economizar.
Segundo uma pesquisa realizada pela Brazil Panels Consultoria em parceria com a Behavior Insights, 41,8% dos brasileiros passaram a comprar alimentos em atacadistas para driblar os preços altos.
O levantamento mostra ainda que 95,1% dos entrevistados perceberam aumento no custo de vida nos últimos 12 meses. Apenas 3% disseram que os preços se mantiveram estáveis e 1,9% notaram alguma redução.
Os dados confirmam a pressão do setor alimentício sobre a inflação. Na prévia de abril do IPCA-15, o aumento de 1,14% nos preços de alimentos e bebidas foi responsável por um impacto de 0,25 ponto percentual na alta geral de 0,43%.
Para 94,7% dos entrevistados, o setor de alimentação é o mais afetado pela inflação. E a percepção de aceleração no aumento de preços é quase unânime: 97,2% afirmam que os valores subiram rapidamente, tornando a inflação uma preocupação constante.
Além dos atacadistas, mercados de bairro (17,4%) e feiras de rua (5,4%) também passaram a ser mais procurados pelos consumidores.
Claudio Vasques, CEO da Brazil Panels, destaca que a inflação tem um impacto profundo no comportamento das famílias: “Pode parecer apenas um número, mas pense bem: se quase 9 em cada 10 pessoas sentem o peso da inflação justamente no prato de comida, o que isso diz sobre o futuro da segurança alimentar no país? Talvez seja a hora de olhar com mais atenção não só para o que está na mesa, mas para o que está faltando nela.”
O estudo também revela que o encarecimento levou muitos a reduzir a quantidade de itens no carrinho. Entre os produtos mais cortados estão:
- Azeite: 50,5% deixaram de comprar;
- Carne bovina: 46,1%;
- Café: 34,6%;
- Ovos: 20%;
- Frutas e verduras: 12,7%;
- Leite: 9%;
- Arroz: 7,1%.
“A inflação tirou mais que o poder de compra: tirou itens do carrinho que antes eram considerados essenciais”, observa Vasques.
As expectativas para os próximos 12 meses seguem pessimistas: 65,9% acreditam que o custo de vida continuará subindo, enquanto 23% esperam aumentos moderados. Apenas 8% acham que os preços vão se estabilizar e 3,1% preveem queda.
Uma possível solução apontada por 61,6% dos entrevistados seria a redução de impostos sobre produtos básicos, o que ajudaria a aliviar os preços ao consumidor. “A expectativa de inflação acelera a cautela e reduz o consumo. A população e as empresas estão sob forte pressão, não somente pelos preços, mas também pelos efeitos de juros elevados”, conclui Vasques.
Com informações da CNN Brasil
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