Cientistas criam bactéria com sensor capaz de detectar câncer

Cientistas da Universidade da Califórnia, San Diego (EUA), em colaboração com pesquisadores australianos, desenvolveram uma inovadora tecnologia que permite que bactérias identifiquem a presença de tumores em organismos vivos.

Os resultados dos testes iniciais, conduzidos em camundongos, foram divulgados nesta sexta-feira (11) na revista Science. A abordagem demonstrou sua capacidade de detectar câncer no cólon dos roedores e pode potencialmente abrir portas para a criação de biossensores capazes de identificar diversas infecções, tipos de câncer e outras doenças.

A utilização de bactérias com finalidades diagnósticas e terapêuticas não é algo novo. Contudo, até o momento, elas não possuíam a habilidade de reconhecer sequências de DNA específicas e mutações fora das células.

Os pesquisadores empregaram a tecnologia CRISPR, uma ferramenta de edição genética que possibilita aos cientistas direcionar e alterar genes específicos no DNA de um organismo. Dessa forma, eles modificaram as bactérias, em particular a Acinetobacter baylyi, para que fossem capazes de analisar sequências soltas de DNA e compará-las a combinações específicas relacionadas ao câncer.

Ao expor essas bactérias ao DNA tumoral, os cientistas observaram que elas sobreviveram e emitiram um sinal que indicava a presença da doença.

“Ver as bactérias que absorveram o DNA do tumor sob o microscópio foi uma experiência incrível. Os ratos com tumores formaram colônias de bactérias verdes que desenvolveram a habilidade de crescer em placas de antibióticos”, relembrou Josephine Wright, pesquisadora australiana.

Os pesquisadores enfatizam que, embora a técnica ainda necessite de refinamento, ela tem o potencial de revolucionar o campo do diagnóstico e monitoramento de doenças. Isso se dá porque ela viabiliza a detecção não invasiva e econômica de marcadores genéticos específicos.

O líder da equipe científica, Jeff Hasty, professor na Escola de Ciências Biológicas da UC San Diego e na Escola de Engenharia Jacobs, comentou: “Quando iniciamos esse projeto há quatro anos, não tínhamos certeza se seria possível usar bactérias como sensores para DNA de mamíferos. A detecção de cânceres gastrointestinais e lesões pré-cancerosas é uma aplicação clinicamente promissora para essa inovação”.

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