“De coração partido” pelo Agro, Lissauer não teve mesma sensibilidade ao taxar aposentados
Em um discurso deprimente feito quinta-feira à noite na Assembleia, logo após a vitória em primeira votação do projeto que taxa o setor do agronegócio em 1,6%, o presidente da Casa, Lissauer Vieira, disse sentir uma “imensa dor no peito” por não ter conseguido derrotar o projeto.
Além de estar falando em causa própria – Lissauer é de milionária família de plantadores de soja em Rio Verde – um deputado aliado lembrou que, diferente de agora, Lissauer não teve a mesma sensibilidade ao comandar com mão de ferro, em 2020, votação que taxou os aposentados de Goiás não em 1,6%, mas em 14% por cento.
“Lissauer se diz triste com a aprovação de uma taxa mínima que atinge apenas grandes e ricos produtores, mas não ficou triste o dia que aprovou taxação de aposentados em 14%. É um contrassenso”, disse o deputado. O mesmo parlamentar lembrou que a nova taxa será positiva para o agronegócio, já que os recursos arrecadados serão investidos apenas em infraestrutura que beneficia os próprios produtores.
Em seu discurso, Lissauer também misturou alhos com bugalhos, dizendo-se decepcionado pela Assembleia aprovar uma taxa que irá penalizar “homens e mulheres que trabalham duro no campo e que tiram seu sustento da terra”. Só se esqueceu de lembrar que a nova taxa não alcança pequenos e médios produtores, mas apenas os maiores produtores.
Além disso, Lissauer se esqueceu de dizer que a taxação aprovada não é obrigatória, mas opcional, é só alcança produtores que recebem incentivos do governo. Quem se sentir prejudicado pela nova taxa, pode simplesmente abrir mãos dos incentivos e optar por não recolher a nova taxa.
Lissauer foi além em sua fala e comparou a “tristeza” com a aprovação da taxa do agro com o dia em que perdeu seu pai. “Tive duas datas tristes esse ano. O dia que perdi meu pai e hoje, com a aprovação da taxação do agro”, afirmou, numa fala que foi duramente criticada nas redes sociais. Usuários do Twitter e Instagram bateram duro em Lissauer, dizendo que a fala foi “demagógica”, que comparar a aprovação de um projeto com a morte do pai “era um exagero”, “que estava com lágrimas de crocodilo” e que, na verdade, Lissauer estava “defendendo os próprios interesses”.
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