Bolsonaro depende do STF para poder comparecer à posse de Trump

A posse de Donald Trump, eleito presidente dos Estados Unidos após derrotar Kamala Harris, está marcada para o dia 20 de janeiro em Washington, mas a presença de Jair Bolsonaro (PL) no evento pode estar comprometida. O ex-presidente brasileiro tem seu passaporte retido e está proibido de deixar o país por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O passaporte de Bolsonaro foi apreendido em fevereiro, durante a Operação Tempus Veritatis, que investiga a existência de uma organização criminosa envolvida em tentativas de golpe de Estado e na abolição do Estado Democrático de Direito após as eleições de 2022.

Para recuperar o documento, a defesa de Bolsonaro precisaria solicitar a devolução ao STF, o que já foi tentado e negado em outras ocasiões. Em março, o ex-presidente solicitou o passaporte para viajar a Israel, onde se encontraria com o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu. No entanto, Moraes considerou que, como a investigação ainda está em andamento, a flexibilização da medida seria “absolutamente prematura”.

O pedido foi feito no mesmo dia em que o The New York Times revelou que Bolsonaro havia passado duas noites na Embaixada da Hungria em Brasília, logo após a operação da Polícia Federal que confiscou seus documentos. A situação gerou especulações sobre uma possível tentativa de asilo político para evitar uma prisão.

O último pedido para recuperar o passaporte foi feito em 20 de outubro. A defesa argumentou que não havia indícios de risco de fuga e que a restrição de viagem era “desprovida de fundamentação concreta e específica”. No entanto, Moraes negou novamente, afirmando que a retenção do passaporte se justifica diante das provas de que Bolsonaro e outros investigados estavam envolvidos no planejamento e execução do golpe que não se concretizou.

A decisão também manteve a proibição de contato entre Bolsonaro e outros investigados no caso. Essa posição foi respaldada pela Primeira Turma do STF, que revisou os recursos sobre a questão.

Na madrugada desta quarta-feira, 6 de novembro, Bolsonaro publicou um vídeo nas redes sociais parabenizando Trump pela vitória. “Testemunhamos o ressurgimento de um verdadeiro guerreiro”, afirmou, em um post no X (antigo Twitter). “Que a vitória de Trump inspire o Brasil a seguir o mesmo caminho”, completou, associando o triunfo de Trump à sua própria trajetória política.

Em sua mensagem, o ex-presidente também falou sobre o futuro político no Brasil, ligando a vitória de Trump à possibilidade de uma nova chance para sua carreira. “Talvez em breve Deus também nos conceda a chance de concluir nossa missão com dignidade e nos devolva tudo o que foi tirado de nós. Talvez tenhamos uma nova oportunidade de restaurar o Brasil como uma terra de liberdade, onde o povo é senhor de seu próprio destino”, disse.

Enquanto isso, parlamentares bolsonaristas, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), estão nos Estados Unidos como observadores das eleições e acreditam que o retorno de Trump à Casa Branca poderá fortalecer a direita no Brasil.

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