Estudos que tratam a apneia obstrutiva com medicamentos para diabetes tipo 2 podem oferecer uma nova esperança para quem sofre do distúrbio, para o qual a única terapia eficaz anteriormente era o uso de uma máquina de pressão positiva contínua nas vias aéreas, indica uma nova pesquisa realizada na Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos.

Os pesquisadores contaram com colaboradores internacionais para realizar um estudo de um ano no qual 469 pessoas que sofrem de apneia do sono nos Estados Unidos e em seis outros países receberam 10 ou 15 miligramas de tirzepatida, que é aprovado para perda de peso, ou um placebo. O estudo foi duplo-cego, o que significa que nem os pacientes nem os investigadores sabiam quem estava recebendo a medicação real.

Os resultados demonstram que a tirzepatida levou a uma diminuição significativa no número de interrupções respiratórias durante o sono, um indicador-chave usado para medir a gravidade da apneia do sono – muito maior do que o observado no grupo de controle.

Os participantes do estudo incluíram pacientes que receberam terapia de pressão positiva contínua nas vias aéreas – na qual uma máquina mantém as vias aéreas abertas durante o sono para evitar interrupções na respiração – e aqueles que não receberam, mas todos tinham diagnóstico clínico de obesidade.

Significativamente, aqueles que tomaram tirzepatida melhoraram a ponto de o CPAP poder não ser necessário, disseram os pesquisadores, observando que os dados existentes indicam fortemente que a terapia medicamentosa que visa tanto a apneia do sono quanto a obesidade oferece maiores benefícios em vez de tratar as condições separadamente. O efeito colateral mais comum relatado foram problemas estomacais leves.

Os níveis reduzidos de oxigênio no sangue causados por episódios repetidos de respiração irregular devido ao bloqueio total ou parcial das vias aéreas superiores que caracterizam a apneia obstrutiva do sono também estão ligados ao aumento do risco de hipertensão e doenças cardíacas, com estudos estimando até 936 milhões de doentes em todo o mundo. O estudo afirmou que a tirzepatida também reduziu os fatores de risco para essas doenças cardiovasculares relacionadas e melhorou o peso corporal.

Fonte: The New England Journal of Medicine. DOI: 10.1056/NEJMoa2404881.