Ucraniana aprendeu a latir e a rosnar ao ser ‘criada’ por cadela nas ruas
Oxana Malaya tinha apenas três anos quando seus pais alcoólatras a deixavam ao frio, do lado de fora de casa, em Nova Blahovishchenka, um vilarejo na Ucrânia. Abandonada, a menina encontrou refúgio entre os cães das ruas e passou a ser criada por uma cadela, adotando comportamentos caninos em seu cotidiano.
Adotando os hábitos da matilha, Oxana começou a latir e rosnar, além de se locomover de quatro. Durante cinco anos, sua sobrevivência dependeu de sua ligação com os animais, até que ela foi acolhida por Naida. “Minha mãe tinha muitos filhos e não havia camas suficientes. Então, rastejei até uma cadela e comecei a viver com ela”, explicou Oxana, agora com 40 anos, em uma entrevista para o programa 60 Minutes Australia, da Nine Network.
Malaya foi prontamente aceita pelos cães selvagens da região. Ela abandonou a linguagem humana e passou a se comunicar por meio de latidos e rosnados. “Eu falava com eles, eles latiam e eu repetia. Essa era nossa forma de comunicação”, relatou.
Sua imitação do comportamento canino não se limitava apenas aos sons e à forma de andar. Oxana também passou a se alimentar de carne crua, buscar comida em latas de lixo, tomar banho sob torneiras (e se sacudir depois), e lamber-se como os cães. “Ele parecia mais um cachorro do que uma criança”, comentou Anna Chalaya, diretora da instituição de cuidados especiais onde Oxana reside atualmente. “Ela mostrava a língua quando via água e comia diretamente com a boca e não com as mãos”, acrescentou.
Aos 9 anos, ao latir para um vizinho, as autoridades ucranianas foram alertadas sobre a condição de Oxana. No entanto, os esforços para resgatá-la foram inicialmente frustrados pela resistência feroz dos cães em protegê-la. Somente quando os funcionários os distraíram com comida puderam retirar a menina do “canil”.
No entanto, o retorno de Oxana à humanidade não significou uma reabilitação imediata. Nem mesmo o contato com parentes durante seu período de reabilitação foi capaz de curar as profundas cicatrizes emocionais.
“Acredito que ela nunca será capaz de ler ou fazer qualquer coisa útil”, comentou a psicóloga infantil Lyn Fry sobre Oxana, que possui a capacidade mental de uma criança de seis anos. “Se você não domina a linguagem até os 5 anos, é improvável que consiga aprender qualquer coisa”, acrescentou a especialista.
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