Monitorar pressão em casa pode salvar vidas
A hipertensão arterial, caracterizada por uma pressão arterial sistólica acima de 130mmHg, diastólica acima de 80mmHg ou uso de medicação para seu controle, representa um desafio significativo para a saúde pública. Suas implicações abrangem o desenvolvimento de doenças cardíacas e derrames, acarretando custos expressivos para os sistemas de saúde.
O monitoramento clínico convencional, método tradicional de medição da pressão arterial e diagnóstico da hipertensão, apresenta diversas desvantagens. A frequência limitada das visitas dos pacientes às clínicas pode resultar na não detecção do problema. Além disso, a precisão pode ser comprometida pelos efeitos do chamado “jaleco branco” (pressão arterial elevada no consultório, mas normal em medições domésticas) ou efeitos “mascarados” (pressão arterial normal ou normalmente alta no consultório, mas elevada em casa).
Um novo estudo publicado no American Journal of Preventive Medicine sugere que a expansão do monitoramento doméstico da pressão arterial entre adultos hipertensos pode reduzir substancialmente a carga de doenças cardiovasculares e gerar economias de custos a longo prazo. Os resultados indicam que essa abordagem tem o potencial de enfrentar disparidades de saúde, especialmente entre minorias raciais e étnicas, além de residentes rurais, ao reduzir eventos cardiovasculares.
Ao analisar dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco Comportamentais (BRFSS) de 2019, os pesquisadores projetaram que a implementação do monitoramento da pressão arterial em casa, em comparação com o atendimento clínico tradicional, poderia resultar em uma redução de 4,9% nos casos de infarto do miocárdio (IM) e 3,8% nos casos de acidente vascular cerebral (AVC) ao longo de 20 anos.
O estudo observa que negros não hispânicos, mulheres e residentes rurais apresentaram maior benefício com essa abordagem em termos de eventos cardiovasculares evitados e economia de custos, em comparação com brancos não hispânicos, homens e residentes urbanos. Ao adotar o monitoramento domiciliar da pressão arterial em áreas rurais, poderia haver uma redução potencial de 21.278 casos de IM por milhão de pessoas, em comparação com 11.012 casos por milhão em áreas urbanas. Os residentes rurais, que enfrentam maior prevalência de hipertensão e barreiras no acesso aos serviços de cuidados primários, seriam os mais beneficiados.
Além disso, os pesquisadores projetaram uma economia anual média de 4,4% por pessoa e uma média de US$7.794 em custos de saúde por pessoa ao longo de 20 anos devido à adoção do monitoramento domiciliar da pressão arterial. Isso reflete uma redução significativa nos custos relacionados a doenças cardiovasculares. A implementação mais ampla do monitoramento domiciliar da pressão arterial pode capacitar os pacientes a desempenharem um papel mais ativo no gerenciamento de suas condições crônicas. Essas descobertas fornecem evidências sólidas que respaldam a adoção generalizada dessa intervenção pelos sistemas de saúde e pagadores.
Fonte: American Journal of Preventive Medicine. DOI: 10.1016/j.amepre.2023.05.010.
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