Aliados do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmaram à GloboNews nesta quinta-feira (27) que a possibilidade de ele colocar em pauta, neste momento, o projeto de anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 é “zero”.

Essa posição surge em meio à pressão de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que tentam articular a votação do projeto ainda na primeira quinzena de abril. Dirigentes do PL têm buscado apoio de outras bancadas para avançar com a proposta, que tem como objetivo conceder anistia aos envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília.

Apesar do esforço bolsonarista, aliados de Hugo Motta indicam que o presidente da Câmara não vê justificativa política para pautar a proposta neste momento. Além de uma avaliação técnica, há também um cálculo político envolvido: Motta busca fortalecer sua relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quem já compartilhou agendas, incluindo viagens internacionais.

A resistência em pautar a proposta também ocorre em um contexto de crescente desgaste da base bolsonarista. Na quarta-feira (26), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, tornar Bolsonaro e outros sete aliados réus por suspeita de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado.

A denúncia, apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), inclui acusações como tentativa de golpe, abolição violenta do estado democrático de direito e organização criminosa. Os réus responderão a uma ação penal no STF e poderão ser condenados ou absolvidos ao final do processo.