Tarcísio diz que denúncia da PGR contra Bolsonaro é ‘forçação de barra’ e ‘revanchismo’
Cotado para disputar a Presidência da República em 2026, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), classificou como “forçação de barra” e “revanchismo” a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de articular um golpe de Estado.
“Não faz sentido nenhum, é uma forçação de barra. O que temos hoje é uma questão de revanchismo”, declarou Tarcísio, ex-ministro de Bolsonaro, durante um evento em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo.
O governador afirmou que ainda não ouviu os áudios obtidos pela Polícia Federal, mas disse que “nada do que foi apresentado mostra uma conexão”. Ele também criticou a tentativa de responsabilizar pessoas que, segundo ele, não têm envolvimento com o caso. “Não podemos partir para esse tipo de vulgarização. Isso é perigoso. Hoje é um inimigo público, amanhã pode ser outro”, alertou.
Até então, Tarcísio havia se manifestado apenas pelas redes sociais. Na última quinta-feira, em publicação no Instagram, ele defendeu Bolsonaro, alegando que o ex-presidente “nunca se envolveu com qualquer movimento antidemocrático”.
Bolsonaro foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado contra patrimônio da União, deterioração de patrimônio tombado e participação em organização criminosa. Se condenado, pode pegar até 43 anos de prisão, além de uma possível inelegibilidade prolongada.
Na defesa do ex-presidente, Tarcísio tem minimizado ou omitido aspectos das investigações sobre a trama golpista. Ele já afirmou, por exemplo, que Bolsonaro jamais apoiou qualquer iniciativa contra o Estado democrático de Direito, apesar das evidências em sentido contrário.
Durante seu mandato, Bolsonaro questionou a credibilidade do processo eleitoral sem apresentar provas e incentivou apoiadores a contestar o resultado das urnas. Segundo depoimentos, ele também consultou comandantes das Forças Armadas sobre ações golpistas após sua derrota em 2022.
Além disso, o ex-presidente fez reiterados ataques ao STF e se recusou a reconhecer a vitória de Lula (PT), ignorando a ausência de indícios de fraude. A denúncia da PGR, com 272 páginas, apresenta evidências robustas sobre a chamada “minuta do golpe” e as ações de Bolsonaro e seus aliados contra as urnas eletrônicas.
Documentos com teor golpista foram encontrados na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, no escritório de Bolsonaro no PL e em dispositivos eletrônicos do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. Depoimentos indicam que a minuta foi apresentada a comandantes militares em reuniões nos dias 7 e 14 de dezembro de 2022, sendo a primeira conduzida pelo próprio Bolsonaro.
O ex-presidente admitiu recentemente que discutiu estados de defesa e de sítio, alegando que seriam medidas legítimas a serem avaliadas por instituições como o Congresso. No entanto, tais instrumentos são reservados para situações excepcionais, como guerra ou grave crise social, o que não era o caso no final de 2022.
Alguns pontos da denúncia ainda geram controvérsia. A PGR alega que Bolsonaro sabia e concordou com um plano para assassinar autoridades, mas as provas apresentadas até agora não são conclusivas. Além disso, o procurador-geral da República responsabilizou Bolsonaro pelos ataques de 8 de janeiro de 2023, enquanto a Polícia Federal não o indiciou por crimes diretamente ligados ao episódio.
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