Número de vítimas de tráfico humano aumenta 25% e mulheres são maioria

O número de vítimas de tráfico humano no mundo voltou a aumentar (25%) após uma queda registrada durante a pandemia de Covid-19, com mulheres e meninas ainda representando a maioria, segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).

As informações fazem parte do Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas 2024, divulgado nesta quarta-feira pelo UNODC. O documento reúne dados de 156 países, cobrindo 95% da população mundial, com informações do período de 2020 a 2022 e dados preliminares de 2023 fornecidos por 72 Estados.

O relatório aponta que, em 2022, houve um aumento de 25% no número de vítimas de tráfico identificadas globalmente em comparação aos níveis pré-pandemia de 2019. Entre 2019 e 2022, o número de vítimas traficadas para trabalho análogo à escravidão cresceu 47%. No total, entre 2020 e 2023, os Estados-Membros relataram 202.478 vítimas.

“Essa tendência pode ser explicada pelo aumento de 31% no número de crianças detectadas em relação ao período anterior à pandemia de Covid-19”, destaca o relatório.

As vítimas são traficadas através de um número crescente de rotas internacionais, com destaque para as rotas envolvendo vítimas africanas levadas a diversos destinos.

Mulheres e meninas continuam sendo maioria

Em 2022, 61% das vítimas de tráfico humano identificadas eram mulheres e meninas. Embora o número de vítimas menores de idade tenha aumentado desde 2019, a maior parte das vítimas ainda são adultas, com mulheres representando 39% do total.

A maioria das mulheres e meninas traficadas é explorada sexualmente, mas muitas também são submetidas ao trabalho forçado, especialmente em serviços domésticos, além de outros tipos de exploração, como casamentos forçados e envolvimento em atividades criminosas.

Enquanto edições anteriores do relatório mostraram que o tráfico de crianças para trabalho forçado ocorria principalmente em países de baixa renda, dados recentes indicam um aumento desses casos em países de alta renda, especialmente envolvendo meninas traficadas para exploração sexual (60%).

Trabalho forçado cresce como principal motivo

Considerando os diferentes tipos de tráfico humano, o trabalho forçado apresentou os maiores aumentos desde 2019, superando o tráfico para exploração sexual e outras finalidades.

“O tráfico para trabalho forçado cresceu 47% globalmente em relação ao período anterior ao início da pandemia de Covid-19”, aponta o levantamento do UNODC.

Apesar de o trabalho forçado ser mais frequentemente identificado do que o tráfico para exploração sexual, uma parcela significativamente menor de traficantes é condenada por esse crime. Em 2022, mais de 70% dos traficantes condenados foram responsabilizados por exploração sexual, enquanto apenas 17% foram condenados por trabalho forçado, apesar de 42% das vítimas identificadas em 2022 estarem nessa categoria.

Traficantes e crime organizado

De acordo com o UNODC, a maior parte dos casos de tráfico humano é conduzida por organizações criminosas. Em 2022, cerca de 70% das pessoas investigadas, processadas e condenadas por tráfico humano eram homens.

Embora o número de condenações globais tenha ficado um pouco abaixo dos níveis de 2019, houve um aumento de aproximadamente 36% em relação a 2020.

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