Nova moda entre ricos: turismo em países considerados perigosos
Quando você pensa em férias, é provável que imagine destinos icônicos como Paris, Disney, Maldivas, Caribe ou Japão — alguns dos lugares mais visitados do mundo.
No entanto, já considerou passar uma semana no Afeganistão, Iraque ou Serra Leoa? Embora agências de segurança em vários países desaconselhem viagens a esses destinos devido aos altos riscos, um número crescente de turistas ricos está dispostos a pagar caro para experimentar locais menos convencionais e mais perigosos, onde os riscos incluem até sequestros por grupos armados.
Devido aos riscos e à imprevisibilidade, surgiram agências especializadas em “turismo no escuro”. David Smyth, um agente de viagens australiano, observa uma tendência “estranha e inesperada” entre viajantes ricos e experientes que buscam explorar lugares menos visitados e esquecidos pelo turismo de massa.
David, que já organizou expedições a locais remotos, lançou pacotes para o Afeganistão, Iraque e países da África Ocidental após notar um aumento nas fotos de turistas, especialmente de orientais, postadas em redes sociais. Ele próprio visitou o Iraque para entender melhor a situação de um país conhecido pela violência e pelo extremismo islâmico.
“O Iraque foi uma revelação para mim. Já visitei 100 países e posso dizer que os iraquianos foram as pessoas mais amigáveis e acolhedoras que encontrei. Eles ficam felizes que ocidentais venham visitar e não invadi-los ou roubar suas coisas”, comentou David.
Os pacotes para esses destinos não são baratos. A logística de voos e os gastos com segurança são altos. No entanto, para quem tem dinheiro sobrando, a experiência é valiosa. “São pessoas que querem estar lá e ver como os nativos vivem”, explica David.
Recentemente, David lançou um pacote de 55 dias para regiões perigosas da África, como o Saara, Serra Leoa, Gana e Costa do Marfim. A demanda foi grande, surpreendendo até mesmo o empresário.
“Eu não acreditava na resposta que recebi. Achei que ninguém teria interesse”, comentou David.
A viagem cara e “exótica” parece ter valido a pena para alguns. Ben Herskowitz, um turista de 22 anos de Vermont, EUA, disse que Bamiyan, no Afeganistão, foi “um dos lugares mais bonitos onde já estive”.
De acordo com um porta-voz do Ministério da Cultura, o crescimento do turismo tem um impacto positivo na economia do país, com turistas majoritariamente dos EUA, União Europeia, China, Índia, Emirados Árabes Unidos e Irã.
Os números ainda são modestos em comparação com outros destinos turísticos. Em 2021, o Afeganistão recebeu apenas 691 turistas. Após a pandemia, o número cresceu para 2.200 em 2022 e 7.000 no ano passado.
Para os interessados, o afegão Khyber Khan fundou a agência Unchartered Afghanistan. Embora reconheça que o Afeganistão é uma zona de guerra, ele destaca a riqueza cultural, as pessoas e as paisagens do país. Em Cabul, os estrangeiros estão se tornando mais comuns, especialmente após o Talibã incentivar o turismo.
Ehsan Barakzai, fundador da Destination Afghanistan, afirma que “o portão para o Afeganistão acabou de abrir, então todo mundo está vindo”.
E quanto às mulheres turistas? Sim, elas são bem-vindas. Embora as afegãs enfrentem restrições severas desde que o Talibã assumiu o poder em 2021, essas limitações geralmente não se aplicam a turistas. A Unchartered Afghanistan garante que as turistas mulheres podem explorar o país com a mesma liberdade que os homens.
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