Vídeos online intensificam o tédio, revela estudo

Se você tenta escapar do tédio alternando entre vídeos curtos no YouTube, Instagram ou TikTok esse comportamento, paradoxalmente, intensificará seu tédio, de acordo com um novo estudo da Associação Americana de Psicologia.

“Se as pessoas querem ter uma experiência mais satisfatória ao assistir vídeos, elas devem tentar se concentrar no conteúdo e reduzir a troca digital”, afirma Katy Tam, pesquisadora de pós-doutorado da Universidade de Toronto e autora principal do estudo, em um comunicado à imprensa. “Assim como em um cinema, onde uma experiência imersiva proporciona maior prazer, imergir-se nos vídeos online, em vez de ficar trocando entre eles, resulta em uma experiência mais enriquecedora.”

“Trocar digitalmente, como avançar rapidamente os vídeos, pode fazer com que o conteúdo pareça sem sentido, pois as pessoas não têm tempo suficiente para se envolver ou compreender o que está sendo apresentado”, acrescenta Tam.

Embora o tédio seja definido como um “estado aversivo de desejar, mas não conseguir, se engajar em uma atividade satisfatória”, ele está intimamente ligado à atenção. O tédio surge em situações que carecem de novidade, significado, autonomia e/ou desafio, e períodos prolongados de tédio podem provocar uma gama de emoções negativas, como inquietação, frustração, tristeza e um profundo sentimento de vazio.

“O tédio sinaliza que as circunstâncias atuais carecem de significado e motiva a busca por algo mais gratificante”, explicam os autores do estudo publicado no Journal of Experimental Psychology: General. Eles observam que pessoas que experimentam tédio crônico têm uma probabilidade maior de sofrer de depressão, ansiedade, estresse, apatia e insatisfação com a vida.

“Curiosamente, evitar o tédio não é particularmente eficaz para aliviá-lo, especialmente quando se trata do uso de redes sociais”, acrescentam. “Em resumo, usar redes sociais para combater o tédio parece ser ineficaz e, na verdade, pode até agravá-lo. Investigamos se isso se deve à forma como as pessoas interagem com os conteúdos.”

Tam e sua equipe recrutaram 231 estudantes de graduação da Universidade de Toronto Scarborough, que participaram de um experimento envolvendo a visualização de um vídeo de 10 minutos no YouTube sem a opção de avançar ou trocar de vídeo. Em outra fase, os participantes puderam alternar entre sete vídeos de cinco minutos ao longo de 10 minutos.

Após cada experimento, os participantes relataram seus níveis de tédio, satisfação e outras emoções. Os pesquisadores notaram que os participantes se sentiram menos entediados na condição sem troca, mas apenas quando essa condição foi apresentada primeiro.

“Quando os participantes alternavam entre vídeos, eles se sentiam mais entediados, menos satisfeitos, menos engajados e percebiam menos sentido, comparados à situação em que não podiam trocar”, observou a equipe. “Mesmo tendo a liberdade de escolher qualquer vídeo no YouTube, os participantes experimentaram mais tédio quando trocavam digitalmente do que quando assistiam a um único vídeo. Eles não conseguiam se imergir completamente no conteúdo e compreender seu significado, resultando em menor atenção e percepção de sentido nas condições de troca. Esse desengajamento e falta de significado levaram a um aumento no tédio e na insatisfação.”

“Portanto, nossos experimentos psicológicos fornecem insights valiosos para aqueles que buscam tomar decisões mais informadas sobre seus hábitos de consumo de mídia”, concluem os pesquisadores.

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