Anderson Torres diz que nunca tratou de golpe de Estado
No depoimento prestado à Polícia Federal em Brasília em 22 de fevereiro, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, afirmou que em nenhum momento no Palácio da Alvorada, após o segundo turno das eleições presidenciais de 2022, discutiu sobre golpe de Estado, abolição do Estado Democrático de Direito, Garantia da Lei e da Ordem, Estado de Sítio, Estado de Defesa, intervenção militar ou qualquer assunto similar.
Ele declarou que nunca questionou a integridade do sistema eleitoral brasileiro e não endossou as alegações do ex-presidente Jair Bolsonaro sobre possíveis fraudes nas urnas eletrônicas.
Essas declarações foram feitas em resposta a perguntas dos agentes da PF sobre a reunião ministerial de 5 de julho de 2022, liderada por Bolsonaro, da qual participaram ministros de Estado, secretários executivos e assessores da Presidência da República. O vídeo dessa reunião está sendo investigado no contexto da tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro do ano anterior.
O depoimento de Torres, divulgado nesta sexta-feira (15) pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, confirma sua presença na reunião, embora ele não tenha especificado quem a convocou. Ele também afirmou não saber por que o pré-candidato à Vice-Presidência Walter Braga Netto e o deputado federal Filipe Barros estavam presentes, já que não faziam parte do governo.
Sobre a minuta de decreto do Estado de Defesa encontrada em sua residência em janeiro de 2023, Torres afirmou que não a redigiu e não estava ciente do seu conteúdo, apresentado por Filipe Martins em uma reunião no Palácio da Alvorada em dezembro de 2022.
Ele negou qualquer conhecimento sobre planos para monitorar ou prender o ministro do STF Alexandre de Moraes em dezembro de 2022. Além disso, Torres refutou ter espalhado informações sobre vulnerabilidades ou fraudes eleitorais em 2022, afirmando que não recebeu relatórios sobre fraudes eleitorais e não viu parcialidade do Poder Judiciário no processo eleitoral.
Ele também negou ter solicitado a ministros que divulgassem informações sobre fraude no sistema eletrônico de votação. Quanto às consequências da não reeleição de Bolsonaro, Torres esclareceu que suas palavras na reunião ministerial foram um apelo para que cada ministro trabalhasse dentro de suas pastas para contribuir com o processo eleitoral, desejando apenas a vitória, e que a expressão “se foder” se referia à perda dos avanços obtidos ao longo de quatro anos.
Sobre sua promessa de atuar de forma mais incisiva, ele explicou que se referia ao combate aos crimes eleitorais, com o emprego de equipes completas em campo, especialmente pela Polícia Federal.
Em relação à declaração sobre a suposta relação do Partido dos Trabalhadores com o Primeiro Comando da Capital (PCC), Torres esclareceu que se baseou em reportagens sobre Marcos Valério Fernandes de Souza, mas desconhecia o progresso das investigações da PF sobre essas reportagens.
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