Um recente estudo conduzido na Stanford University, nos Estados Unidos, utilizando gêmeos idênticos, sugere que adotar uma dieta vegana pode ter benefícios significativos na saúde cardiovascular em um curto período de oito semanas.

Realizado entre maio e julho de 2022, o ensaio envolveu 22 pares de gêmeos idênticos, totalizando 44 participantes saudáveis sem histórico de doenças cardiovasculares. Esses participantes foram recrutados do Stanford Twin Registry, um banco de dados composto por gêmeos fraternos e idênticos que consentiram em participar de estudos científicos.

No experimento, um dos gêmeos de cada par adotou uma dieta vegana, enquanto o outro manteve uma dieta onívora. Ambas as dietas foram cuidadosamente planejadas, incluindo uma variedade de vegetais, legumes, frutas e grãos integrais, e excluindo açúcares e amidos refinados. A dieta vegana eliminou completamente produtos de origem animal, como carne, ovos e laticínios, enquanto a dieta onívora incluiu uma variedade desses alimentos.

Durante as primeiras quatro semanas, os participantes receberam 21 refeições por semana de um serviço de entrega, incluindo café da manhã, almoço e jantar. Nas quatro semanas seguintes, eles prepararam suas próprias refeições. Um nutricionista registrado esteve disponível para oferecer orientações e esclarecer dúvidas sobre as dietas durante todo o estudo. Os participantes também foram entrevistados sobre seus hábitos alimentares e mantiveram registros de consumo alimentar.

Dos 44 participantes, 43 completaram o estudo, indicando a viabilidade de aprender a adotar uma alimentação saudável em um período relativamente curto. A maior parte da melhoria na saúde cardiovascular foi observada durante as primeiras quatro semanas da mudança na dieta. Os participantes que seguiram a dieta vegana apresentaram níveis significativamente mais baixos de colesterol LDL, insulina e peso corporal em comparação com aqueles que mantiveram uma dieta onívora. Esses fatores estão associados à melhoria da saúde cardiovascular.

Foram realizadas medições de peso e coleta de sangue em três momentos: no início do estudo, após quatro semanas e após oito semanas. Os participantes veganos apresentaram uma redução média no nível de LDL-C de 110,7 mg/dL para 95,5 mg/dL, enquanto os participantes onívoros tiveram uma redução menos pronunciada, de 118,5 mg/dL para 116,1 mg/dL. O nível ideal de LDL-C é considerado abaixo de 100 mg/dL. Além disso, os participantes veganos experimentaram uma redução de cerca de 20% nos níveis de insulina em jejum, o que é significativo pois níveis elevados de insulina são um fator de risco para o desenvolvimento de diabetes. Adicionalmente, os participantes veganos também perderam em média 4,2 quilos a mais do que os participantes onívoros.

Com base nesses resultados, os pesquisadores concluíram que a maioria das pessoas poderia se beneficiar de uma dieta mais centrada em alimentos vegetais, considerando sua influência positiva na saúde cardiovascular. A dieta vegana mostrou-se vantajosa devido à redução do consumo de gorduras saturadas, ao aumento da ingestão de fibras e à perda de peso associada a ela.

Fonte: JAMA Network Open. DOI: 10.1001/jamanetworkopen.2023.44457.