O procurador-geral da República, Paulo Gonet, declarou nesta sexta-feira (19) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que a investigação envolvendo o ex-deputado Roberto Jefferson pode estar diretamente relacionada aos eventos golpistas de 8 de janeiro.

A conclusão consta no parecer encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, no qual o procurador se opõe ao pedido da defesa de Jefferson para transferir do Supremo o processo ao qual o ex-parlamentar responde por ataques às instituições.

Ao sustentar a continuidade do processo na Corte, Gonet afirmou que as acusações contra Jefferson guardam conexão com os crimes ocorridos durante o 8 de janeiro, que também estão sob apreciação na instância judicial. Em 2022, Jefferson tornou-se réu no STF sob a acusação de incitar a invasão do Senado e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Os eventos imputados ao réu Roberto Jefferson podem ser interpretados como um elo relevante nessa sequência que resultou nos atos violentos de 8 de janeiro de 2023. Essa perspectiva ganha força ao considerar que são atribuídas ao réu, além de ter utilizado parte da estrutura partidária financiada pelo erário para enfraquecer as instituições da República, a formulação pública de ataques verbais degradantes contra instituições centrais da República democrática. Essa conduta parece ser parte de uma estratégia direcionada a incitar um movimento condenável de ruptura da ordem política”, escreveu o procurador.

No ano anterior, às vésperas das eleições, Roberto Jefferson foi detido após divulgar um vídeo na internet no qual insultava a ministra Cármen Lúcia com linguagem obscena. Durante a execução do mandado de prisão pela Polícia Federal, o ex-deputado disparou tiros de fuzil e lançou granadas contra os policiais presentes. Em decorrência desse episódio, ele foi indiciado por quatro tentativas de homicídio e tornou-se réu na Justiça Federal.