Aproximadamente 2% dos adultos globalmente enfrentam a esteato-hepatite não alcoólica, uma variante avançada da doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), caracterizada pelo acúmulo de gordura no fígado, resultando em inflamação e fibrose cicatricial. Sem tratamento, essa condição pode evoluir para cirrose hepática, aumentando o risco de complicações sérias, incluindo doenças cardiovasculares.

Atualmente, não existem medicamentos específicos para tratar a DHGNA, sendo a perda de peso o principal enfoque terapêutico, dado que o excesso de gordura hepática desencadeia a inflamação e cicatrização. Entretanto, a perda de peso alcançada de forma autônoma geralmente é modesta e insuficiente para impactar significativamente a gordura hepática, a inflamação e a fibrose.

Este estudo destaca que a rápida perda de peso, obtida através da adoção da dieta de “sopas e shakes”, comumente empregada no tratamento da obesidade e diabetes tipo 2, pode atenuar a gravidade da DHGNA. Dezesseis participantes com obesidade, DHGNA e fibrose hepática moderada a avançada foram incluídos na pesquisa, onde a substituição de refeições regulares por produtos formulados especificamente ocorreu ao longo de 12 semanas, fornecendo aproximadamente 880 calorias diárias e nutrientes essenciais.

Após esse período, os participantes reintroduziram gradualmente alimentos convencionais em sua dieta nas 12 semanas subsequentes, recebendo apoio nutricional regular durante o estudo de 24 semanas. Os resultados indicaram uma perda média de 15% do peso corporal, demonstrando adesão efetiva ao programa de perda de peso.

Além da segurança do programa, evidenciada pela ocorrência temporária e leve de constipação intestinal como efeito colateral mais comum, as análises revelaram melhorias significativas na gordura hepática e nos marcadores de inflamação e fibrose. Participantes com hipertensão e diabetes tipo 2 inicial também apresentaram melhorias na pressão arterial sistólica e hemoglobina glicada, sugerindo um potencial benefício na redução do risco de doenças cardíacas, a principal causa de morte em pacientes com DHGNA.

Dado o tamanho reduzido da amostra, são necessárias mais pesquisas com uma população mais diversificada e um grupo de controle para validar esses resultados. Além disso, investigações futuras podem explorar a aplicabilidade desse programa em pacientes com formas mais avançadas de doença hepática, como cirrose hepática.