Crianças que gostam de ler têm melhor desempenho cognitivo na adolescência
A apreciação da leitura pode ser uma atividade infantil crucial e agradável. Diferentemente da audição e da linguagem falada, que se desenvolvem de maneira rápida em crianças pequenas, a leitura é uma habilidade ensinada, adquirida e aprimorada ao longo do tempo por meio de aprendizado explícito. Um estudo envolvendo mais de 10.000 jovens adolescentes nos Estados Unidos revelou que crianças que começam a ler por prazer mais cedo na vida tendem a apresentar melhor desempenho em testes cognitivos e desfrutam de uma saúde mental aprimorada ao entrar na adolescência.
Durante a infância e adolescência, períodos cruciais para o desenvolvimento cerebral, estabelecer comportamentos que apoiem a cognição e promovam a saúde cerebral é essencial. No entanto, até agora, não estava claro qual impacto o estímulo à leitura desde tenra idade poderia ter sobre o desenvolvimento cerebral, cognitivo e a saúde mental mais tarde na vida. Para investigar isso, pesquisadores das universidades de Cambridge e Warwick, no Reino Unido, e da Universidade de Fudan, na China, analisaram dados da coorte Adolescent Brain and Cognitive Development (ABCD) nos EUA, que incluiu mais de 10.000 jovens adolescentes.
A equipe examinou uma ampla variedade de dados, incluindo entrevistas clínicas, testes cognitivos, avaliações mentais e comportamentais, e varreduras cerebrais. Comparando jovens que começaram a ler por prazer em idade precoce (entre dois e nove anos) com aqueles que começaram mais tarde ou não começaram, as análises controlaram fatores importantes, incluindo o status socioeconômico. Dos 10.243 participantes, quase metade teve pouca experiência de leitura por prazer ou começou tardiamente, enquanto a outra metade dedicou entre três e dez anos à leitura por prazer.
Os resultados revelaram uma ligação significativa entre a leitura por prazer precoce e um desempenho positivo na adolescência em testes cognitivos, abrangendo áreas como aprendizado verbal, memória e desempenho acadêmico. As varreduras cerebrais mostraram que aqueles que começaram a ler por prazer cedo exibiam áreas e volumes cerebrais moderadamente maiores, especialmente em regiões críticas para funções cognitivas. Essas crianças também demonstraram melhor bem-estar mental, evidenciado por menos sinais de estresse e depressão, além de maior atenção e menos problemas comportamentais.
O estudo, publicado na revista Psychological Medicine, destacou que 12 horas por semana é a quantidade ideal de leitura, correlacionada a uma estrutura cerebral aprimorada, possivelmente explicando essas descobertas. As crianças que começaram a ler por prazer mais cedo também mostraram menor uso de dispositivos eletrônicos durante a semana e os fins de semana na adolescência, além de uma propensão a dormir mais.
Fonte: Psychological Medicine. DOI: 10.1017/S0033291723001381.
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