Cônjuges que compartilham amigos podem viver mais após a viuvez

O fenômeno conhecido como “efeito viuvez”, no qual há uma tendência de casais falecerem em curtos intervalos de tempo, é intensificado quando os parceiros não estão familiarizados com os amigos um do outro, conforme indicado por uma recente investigação da Cornell University, nos Estados Unidos.

Ao analisar cerca de 1.200 participantes do Projeto Nacional de Vida Social, Saúde e Envelhecimento (NSHAP), um estudo representativo em nível nacional, os pesquisadores observaram uma amostra de americanos casados ou em união estável, com idades entre 57 e 85 anos. A pesquisa, iniciada em 2005, seguiu aqueles que se tornaram viúvos na década subsequente.

Ao examinar dados longitudinais sobre as redes sociais dos idosos, juntamente com informações demográficas e de saúde, os pesquisadores constataram que, ao longo de 10 anos, a probabilidade de óbito era cinco vezes maior entre os viúvos cujos amigos não mantinham proximidade com os parceiros.

Especula-se que, para cônjuges com círculos de amizade distintos, o processo de luto, envolvendo muitos contatos desconhecidos, pode ser mais estressante, privando o sobrevivente de recursos sociais valiosos difíceis de substituir. Os dados confirmaram um impacto “significativo” da viuvez, mesmo após ajustes para diversos fatores, como idade, gênero, raça, status socioeconômico, qualidade do relacionamento e saúde.

Os resultados indicaram que a probabilidade de morte nos próximos cinco anos era quase o dobro entre aqueles cujos cônjuges faleceram, em comparação com os que permaneceram casados. Participantes do estudo que mencionaram até cinco confidentes com os quais discutiram assuntos relevantes no ano anterior evidenciaram uma chance significativamente maior de óbito em 10 anos quando os cônjuges não interagiam com esses contatos, comparado àqueles cujos cônjuges mantinham comunicação regular. Os autores destacaram que a perda, nesse contexto, é dupla, envolvendo tanto o cônjuge quanto a rede social de conhecidos.

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