HIV pode se esconder nos glóbulos brancos
Pesquisadores estão se aproximando de uma nova descoberta sobre um possível esconderijo do HIV no sistema imunológico, o qual o vírus utiliza para persistir no corpo humano durante longos períodos. Conforme um estudo recente financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH), foi revelado que um subconjunto de glóbulos brancos chamados células mieloides pode abrigar o HIV em pacientes que conseguiram suprimir a replicação viral por vários anos.
Os resultados indicam que o HIV presente em células mieloides específicas pode ser reativado, permitindo que o vírus infecte novas células. Este grupo de células inclui monócitos de vida curta e macrófagos originados de monócitos de vida mais longa. Esses achados sugerem que as células mieloides desempenham um papel na manutenção de um reservatório de HIV de longa duração em indivíduos infectados, tornando-se um alvo potencialmente significativo, mas frequentemente negligenciado, nos esforços de erradicação do HIV.
Os pesquisadores explicam que os medicamentos antirretrovirais são eficazes em suprimir o HIV, prevenindo a infecção de novas células e sua replicação. No entanto, o HIV já presente nessas células pode permanecer em um estado inativo, criando um reservatório do vírus que aguarda uma oportunidade para reativar-se.
Até agora, as células T CD4, outro tipo de glóbulo branco, eram consideradas o reservatório de HIV mais estudado, mas suspeita-se que haja outros locais de persistência viral. Os monócitos circulam na corrente sanguínea por cerca de três dias antes de migrarem para diferentes tecidos do corpo, onde podem se transformar em macrófagos. Até o momento, não estava claro se o HIV latente presente nessas células poderia ser reativado e infectar outras células.
No estudo, os pesquisadores analisaram o DNA do HIV nas células mieloides de 30 pacientes com HIV, todos submetidos à terapia antirretroviral por pelo menos cinco anos. Eles descobriram níveis detectáveis de material genético do HIV em monócitos e macrófagos, embora em quantidades muito menores do que nas células T CD4. Em alguns pacientes, o material genético do HIV encontrado nos monócitos estava íntegro, sugerindo a possibilidade de reativação e infecção de novas células.
Os pesquisadores usaram um novo método quantitativo para medir diretamente a propagação viral do HIV nas células mieloides. Eles isolaram monócitos do sangue de 10 pacientes e os cultivaram com drogas antirretrovirais, replicando as condições dos pacientes. Posteriormente, quando os monócitos se transformaram em macrófagos, os pesquisadores ativaram o sistema imunológico e introduziram novos glóbulos brancos nas culturas, proporcionando ao HIV novos alvos potenciais.
Em cinco dos dez participantes, as culturas revelaram material genético do HIV detectável em seus macrófagos, que poderia ser reativado para infectar outras células e se replicar. Esses pacientes também apresentaram níveis gerais mais elevados de DNA do HIV. Dados de acompanhamento de três pacientes mostraram que esse reservatório poderia manter o HIV latente por vários anos. Esses reservatórios se mostraram estáveis e suscetíveis de serem reativados ao longo do tempo, sugerindo que os macrófagos originados de monócitos poderiam contribuir para uma possível reativação viral do HIV caso a terapia antirretroviral fosse interrompida.
Os pesquisadores planejam realizar estudos mais amplos e diversificados para determinar a extensão do HIV latente em células mieloides e entender melhor como esse reservatório de HIV nos monócitos pode ser reabastecido ao longo do tempo.
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