Pais vão a eventos no Japão para conseguir parceiros amorosos para os filhos ‘encalhados’

Na cidade de Osaka, no Japão, indivíduos na faixa etária dos 60 anos estão frequentando eventos conhecidos como “omiais” com o intuito de encontrar um “par” para seus filhos que são considerados “solteiros”. Os pais percorrem as mesas em um edifício da Câmara de Comércio, oferecendo aos outros pais os perfis de seus filhos na esperança de fazer uma “combinação”. A ideia é promover seus filhos adultos, que ainda estão solteiros e têm mais de 30 anos.

Uma mulher de 60 anos fala com orgulho sobre seu filho de 34 anos, que é professor de uma escola primária pública. Um homem de 80 anos fala carinhosamente sobre seu filho de 49 anos, dedicado à carreira e trabalhando como controlador em uma empresa elétrica.

Esses eventos são organizados pela agência de encontros chamada “Associação de Pais para Informações sobre Propostas de Casamento”. Cada participante que representa um filho em um “omiai” deve pagar uma taxa equivalente a R$ 475 para apresentar aos representantes de outros “solteiros” o perfil amoroso de seu filho ou filha, conforme relatado pela CNN.

Uma das razões para a existência dos “omiais” é o fato de o Japão ser conhecido por ser uma nação obcecada pelo trabalho, onde o tempo é escasso e o namoro é frequentemente deixado de lado. Muitos jovens japoneses até mesmo carecem de habilidades de paquera. O país experimentou um período de popularidade do “speed-dating”, onde os jovens procuravam parceiros por conta própria, acelerando o processo de namoro, mas descobriram que, por conta própria, as coisas não funcionavam muito bem. Foi quando os pais decidiram intervir para acelerar o processo.

Devido ao aumento do custo de vida, perspectivas econômicas incertas e uma cultura de trabalho exigente, cada vez menos japoneses optam por casar e ter filhos. Seus pais, preocupados com as perspectivas de terem netos, estão tomando medidas para ajudar.

“A ideia de que os pais ajudem os filhos a se casarem dessa forma se tornou mais aceitável”, declarou Noriko Miyagoshi, diretora da empresa que organiza esses eventos há quase duas décadas. Ela acrescentou que muitas pessoas superaram a vergonha de participar dos “omiais”.

“Os tempos mudaram”, disse ela.

De acordo com os registros oficiais, em 2021, o número de casamentos caiu para 501.116, o menor desde o final da Segunda Guerra Mundial em 1945, representando apenas metade do número registrado na década de 1970. Quando as pessoas se casam, geralmente o fazem em idades mais avançadas, deixando menos tempo para terem filhos. A idade média para o casamento em 2021 foi de 34 anos para homens, em comparação com 29 em 1990, e de 31 anos para mulheres, em comparação com 27 em 1990. Recentemente, o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, anunciou um plano bilionário para incentivar casamentos e nascimentos no país, que enfrenta uma preocupante queda na taxa de natalidade.

Foto: PageNotFound

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