Em novo depoimento prestado à Polícia Federal (PF), o senador Marcos do Val (Podemos-ES) reafirmou que a ideia para uma suposta tentativa de golpe de Estado partiu do ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). Segundo Do Val, durante uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-congressista, discutiu-se a possibilidade de gravar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

O senador relatou que, ao apresentar o plano, Bolsonaro permaneceu em silêncio. No entanto, vale lembrar que Do Val já havia alegado, em 1º de fevereiro, que Bolsonaro tentou coagi-lo a participar do golpe após a derrota nas eleições para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No dia seguinte, em 2 de fevereiro, ele voltou atrás e isentou o ex-presidente de qualquer responsabilidade na suposta tentativa.

O jornal O Estado de São Paulo teve acesso ao depoimento mais recente do senador, realizado na quarta-feira (19). Do Val afirmou que percebeu que suas acusações anteriores eram infundadas e feitas em um momento de raiva, e por isso resolveu desdizê-las em declarações posteriores.

Bolsonaro, em seu depoimento na última semana, negou que tenha sido discutido durante a reunião um plano para gravar Moraes e anular o resultado da eleição presidencial de 2022. Porém, Do Val afirmou que Daniel Silveira mencionou a ideia na presença do ex-presidente, e este não se manifestou sobre o assunto.

Segundo o senador, o convite para a reunião partiu de Bolsonaro, mas a responsabilidade de idealizar e marcar o encontro era de Daniel Silveira. O ex-deputado estava no telefone com Bolsonaro quando abordou Do Val no Congresso, dizendo que o “zero um” precisava falar com ele, e passou o telefone para o ex-presidente convidar o senador para o encontro.

Do Val acredita que apenas Silveira sabia do que seria tratado na reunião, baseando-se na expressão de surpresa de Bolsonaro. Questionado pela PF sobre o envolvimento de outras pessoas, o senador respondeu que, após o encontro, Silveira enviou uma mensagem por WhatsApp dizendo: “Irmão, essa missão está restrita a 3 pessoas e só irá ficar, provavelmente, com mais 5 após concluída. Cinco estrelas”.

No entanto, o senador disse que não sabe o que o ex-deputado quis dizer com o termo e não chegou a questioná-lo sobre isso.