A competição de territórios
Depois da pandemia, é possível sentir uma lufada de normalidade chegar. Ao mesmo tempo em que as pessoas retomam suas atividades, as cidades criam ritmo e algumas investem na competitividade para atrair pessoas e investimentos.
Esse intervalo forçado serviu também para novos traçados, aguçar o olhar para o futuro e, no caso dos territórios, para gerar oportunidades com o auxílio do marketing. Essa competição entre os territórios ganhou particularidades que aos poucos vão sendo conhecidas por todos.
A cidade de Hong Kong anunciou recentemente sua estratégia para atrair novos turistas e investidores. A campanha publicitária “Hello Hong Kong” foi divulgada em diversos meios mundo afora e avisa que serão distribuídas cerca de 500 mil passagens para quem deseja conhecer um dos lugares mais intensos do planeta.
Além disso, a cidade anunciou que investirá em eventos durante os próximos anos para apresentar oportunidades de diversão e de fazer negócios em praticamente todas as áreas.
A Coreia do Norte, país marcado por seu fechamento cultural e político, também tornou pública a sua tentativa de construção de imagem mais amigável e dentro dos padrões considerados atrativos pelos ocidentais.
A propaganda institucional não é uma novidade no país do ditador Kim Jong Un, que era garoto propaganda do país em fotos e vídeos que exploraram o poder do presidente e o tornaram um político conhecido internacionalmente.
Agora, há uma enorme quantidade de influenciadores digitais coreanos contratados para mostrar um país “normal”, com inúmeras possibilidades de diversão, incetivando o turismo e refutando a imagem de que a Coréia do Norte é restritiva e fechada para o mundo.
Enquanto algumas cidades dormem e lamentam por não serem Nova Iorque, Paris ou Barcelona, outras investem para tornarem-se atrativas com os seus próprios diferenciais.
Quem acha que esses investimentos no marketing territorial é um privilégio apenas das grandes e ricas cidade e territórios está completamente enganado. O marketing de cidades é justamente um processo que cria diferenciais competitivos únicos para qualquer território. Definitivamente não é uma logomarca ou um slogan, é um plano que busca incluir as cidades, estados e países em um jogo concorrencial com outros territórios e depende mais de estratégia do que volumosos recursos.
Ao fim, com um plano bem estruturado, que contemple os atores do território, é possível promover desenvolvimento e riqueza de forma sustentável e para todos que vivem, investem e visitam esses lugares.
O marketing territorial está ainda em fase inicial em nosso país. Quem conseguir avançar neste momento poderá colher resultados com menor esforço. É uma forma inovadora de orientar a gestão pública, incluir o setor privado no desenvolvimento regional e beneficiar a comunidade, que também deseja fazer parte do futuro da cidade, estado ou país onde vive.
Djan Hennemann é publicitário e mestre em planejamento de cidades
Comments