Entre idas e vindas, Dória bate martelo pela candidatura ao Planalto
Após circular informação de que ficaria no cargo de governador, tucano renunciou; Rodrigo Garcia assumiu Palácio dos Bandeirantes
Faltando poucas horas para o fim do prazo-limite para renunciar ao cargo de governador de São Paulo e, assim, oficializar sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto, João Dória (PSDB) surpreendeu os paulistas logo na manhã desta quinta-feira, 31, com a notícia de que ficaria no cargo e recuaria da disputa presidencial. Ao fim do dia, Doria “recuou do recuo” e renunciou.
Logo no começo do dia circulava a informação de que ele teria comunicado o seu vice, Rodrigo Garcia (PSDB), que permaneceria no cargo. Doria, por sua vez, não desmentia e nem confirmava a informação.
Mais tarde, ao renunciar, é que o ex-governador de São Paulo disse que houve um “planejamento estratégico” para o “vaivém”. Segundo ele, a intenção é unificar o apoio do PSDB em torno do seu projeto político e evitar o que ele classificava como “golpe”: a retirada, por parte dos tucanos, do seu nome do páreo para favorecer Eduardo Leite, ex-governador do Rio Grande do Sul, que foi derrotado por ele nas prévias do PSDB.
Leite, vale destacar, também renunciou ao governo nesta quinta-feira, mas sem ao menos sinalizar se pretende concorrer a algum cargo nestas eleições. Até então ele diz permanecer no PSDB.
“Não houve desistência, houve sim um planejamento para que pudéssemos ter aquilo que conseguimos, o apoio explícito do PSDB através do seu presidente Bruno Araújo. A carta que ele assinou hoje não deixa nenhuma dúvida. Nem agora nem depois”, disse João Dória em evento de despedida no Palácio dos Bandeirantes, onde estava reunido com prefeitos paulistas e outras lideranças.
“Hoje ficou claro através dessa carta que não há golpe, não há nenhuma forma de você negar a existência de prévias e do resultado das prévias. Isso seria admitir que o PSDB se tornou um partido golpista”,
Ex-governador de São Paulo, João Dória
Bastidores
Parte dos tucanos, porém, acredita que a desistência de Doria foi real e motivada pelo seu diagnóstico de que a candidatura era inviável e não tinha nem o apoio completo da sua sigla. O tucano marcou 2% de intenções de votos na última pesquisa Datafolha.
A tese de que a carta de Araújo freou um golpe também é rechaçada por líderes do partido, sobretudo os ligados a Leite. O diagnóstico é o de que Doria conseguiu rachar ainda mais a legenda e comprou uma briga desnecessária com seu vice, Rodrigo Garcia, que assumiu o governo e deve disputar a reeleição.
Há a avaliação de que aquilo que Doria chama de estratégia, na verdade, foi um tiro no pé e expôs as fragilidades de sua candidatura.
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