Subserviência: eu já escuto os seus sinais

Um dos brados da oposição nas eleições da OAB/GO do ano de 2021 era de que a então gestão, que seria continuada no caso da vitória do candidato Rafael Lara, estaria atrelada aos Poderes, tanto Executivo quanto Judiciário, e que por isso, lhe faltaria um elemento tão essencial na defesa de qualquer categoria: a independência.

A gestão ganhou a eleição, e Rafael Lara é presidente desde janeiro de 2022. Até agora, vemos sinais de sua habilidade em se mostrar um gestor aguerrido e competente, mas com prenúncios de que o brado da oposição parece fazer sentido.


Comecemos pelas custas judiciais. Ainda em dezembro de 2021, o Judiciário anunciou o aumento das custas com base no IPCA, indeferindo o pedido do Ministério Público para que se mantivessem inalteradas. Veja bem: pedido do MP GO e não da OAB/GO.


A OAB/GO por outro lado, através se seu presidente, considerou o tema “sensível”, e se esquivou ao assim sem manifestar: “mas eu tenho certeza que temos espaço para avançar dentro de um consenso e de um diálogo num tema que é tão caro para a sociedade, para a advocacia e para o Tribunal de Justiça”.


Tal manifestação foi dada ao tempo em que tirava foto ao lado do Governador, e obtinha deste o compromisso de serem “parceiros em todos os momentos”. O que não era de estranhar, tendo sido Caiado um grande cabo eleitoral de Rafael, talvez o maior.


Mas e as custas? Problema que fere frontalmente toda a advocacia? Ah, “temos espaço para avançar”. A advocacia goiana terá que se contentar com isso.


Populista e ineficiente, também, o levante da OAB no intuito de forçar o Judiciário à retomada de suas atividades presenciais através de um abaixo assinado. Isto mesmo, um abaixo assinado, aquele instrumento que a sociedade civil usa quando não tem representantes que possam falar por elas.


Reduzir a representatividade da OAB em um tema tão importante a um abaixo assinado é demonstrar que nossa instituição, de envergadura constitucional, tende a continuar tacanha no colo da atual gestão.


Tudo e qualquer coisa para não se desgastar com os Poderes.


Patrícia Miranda é advogada

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