Um dia depois de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, o “terrivelmente evangélico” indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), visitar Goiânia, o PoderData divulgou uma pesquisa que ajuda a entender o comportamento eleitoral desse segmento religioso.

De acordo com o levantamento, realizado nos dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro, Bolsonaro é o líder das intenções de voto dos evangélicos, com 42%, seguido pelo ex-presidente Lula (PT), com 35%.

Bem mais atrás, aparecem o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com 6%, 5% e 4%, respectivamente. O deputado federal André Janones (Avante) registra 3%. A senadora Simone Tebet (MDB), com 1%, completa a lista.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), o senador Alessandro Vieira (Cidadania) e o cientista político Luiz Felipe d’Avila (Novo) não pontuaram. A margem de erro é de 2% para mais ou para menos.

A pesquisa do PoderData também traz dados em relação ao voto católico. Nesse caso, Lula, com 42%, está 18% à frente de Bolsonaro, com 24%. Não há informações sobre outras religiões.

Diante desses números, pode-se afirmar que o atual presidente, tido como um conservador, segue com uma base consolidada entre os evangélicos, enquanto apresenta dificuldades para conquistar apoio dos católicos.

De olho nesse eleitorado, já que Goiás é tradicionalmente um estado mais próximo do conservadorismo, o governador Ronaldo Caiado (DEM/União Brasil) e o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido), um dos principais governadores da oposição, fizeram questão de prestigiar André Mendonça.

No domingo (6), Caiado postou uma foto em suas redes sociais e escreveu o seguinte: “Ao lado do ministro do STF, André Mendonça, celebrei os 61 anos de fundação da Assembleia de Deus Ministério Vila Nova. A instituição cumpre o seu legado à sociedade, pacificando as pessoas, levando a paz, a harmonia e mostrando que, com cada um ombreando a luta e de forma conjunta, nós teremos resultados melhores para Goiás”.

“Meus parabéns ao pastor Josué Gouveia, líder do Ministério, a todos os pastores dirigentes e suas esposas, vocês fazem a diferença e nos ajudam a lutar por melhores condições de vida para a nossa população”, completou o governador.

No sábado (5), foi a vez de Mendanha. “A convite do Bispo Fábio Sousa [ex-deputado federal e pré-candidato ao mesmo cargo], hoje participei do Fórum Cristão de Governo na Igreja Fonte da Vida. E olha que honra! Contamos com a ilustre e brilhante palestra do ministro do STF André Mendonça. Seja sempre bem-vindo a Goiás, ministro”, publicou o prefeito de Aparecida de Goiânia.

Retrospecto
Em 2018, Caiado, vale lembrar, apoiou Bolsonaro no segundo turno. No começo de seus mandatos, os dois trabalharam em sintonia. Porém, distanciaram-se a partir do momento em que adotaram posturas diferentes no contexto da pandemia de Covid-19 e dificilmente estarão juntos nas próximas eleições.

Já Mendanha, embora a princípio tivesse como prioridade estar no palanque de um presidenciável de centro, negocia uma possível filiação ao PL para concorrer ao Palácio das Esmeraldas. Logo, se estiver no partido do presidente, será impossível não associar sua imagem à dele.

Independentemente de um estar a favor e o outro contra Bolsonaro, o candidato preferido dos evangélicos, ambos querem contar com os votos desse segmento religioso e não deixarão de aproveitar oportunidades como a visita de André Mendonça.

E os evangélicos, com seu peso eleitoral, são capazes de influenciar a disputa não só para o governo estadual, mas também para cargos legislativos, como senador, deputado federal e deputado estadual. Aliás, é comum ter campeões de votos ligados a esse setor.

Com informações do jornal O HOJE